Tulherias (parte I)
Para nós espíritos que laboramos desde o início, desde os primórdios da iniciação da divulgação com maior contundência da certeza da vida após a morte, falar sobre o Palácio das Tulherias nos causa forte emoção.
Esse, hoje histórico Palácio Parisiense, foi palco de muitas reuniões e de muitas manifestações espíritas, aqui podemos delinear as manifestações de Efeitos Físicos, que à época eram vistas como fenômenos que ainda não tinham, sequer, um estudo concluído, havia sim, muitos cientistas e doutores movidos pelo curioso fenômeno que dominava inclusive a corte, a estudá-lo. Porém, as mais das vezes, as pesquisas e os estudos tinham o sub-reptício ensejo de descobrir qual artimanha aquelas pessoas usavam para produzir as manifestações.
Havia também os que acreditavam que poderiam manipular os que tinham o tal “dom” para usufruir do feito em benefício próprio.
Assim, nós médiuns éramos vistos. Nós mesmos não entendíamos, não tínhamos o discernimento lúcido do que nos acometia. Éramos tidos como pessoas “estranhas”.
Nas reuniões do Tulherias sempre fomos bem recebidos pelo então Imperador Napoleão III, ele tinha um pendor para aceitar as questões que não eram explicadas pelos materialistas, via essas pessoas com um olhar de curiosidade respeitosa.
O professor Rivail esteve várias vezes em conversa com o Imperador e membros da Corte. Era bem visto e o tinham em bom grau de estima. Todavia, não eram capazes de assumir suas convicções de modo sincero, havia interesses políticos e financeiros que sobrepujavam a ética e a moral.
Há relatos de diversas reuniões nesse Palácio na literatura atual. Porém, nenhum deles relata as emoções e as decepções as quais fomos submetidos. Agíamos de modo espontâneo sem interesses pessoais, nos dispúnhamos a testes e a avaliações de cientistas e de estudiosos, mas, embora fosse irrevogável o que as pessoas testemunhavam como Fenômenos Físicos, não tínhamos a aceitação e nem o respaldo da Corte e dos que poderiam dar sua comprovação do que presenciavam, o que nos causava muita decepção.
Tulherias foi palco de Fenômenos Mediúnicos de muitos médiuns que hoje fazem parte da história dos primórdios da chegada do Espiritismo à Terra.
As manifestações “espíritas” sempre aconteceram na Terra, porém nunca havia acontecido daquela maneira, tão próxima e à vista das pessoas.
As pressões eram muitas e os médiuns, aliás, termo que não existia à época, além de terem que viver e conviver com os fenômenos tinham que suportar os ataques dos que os consideravam destoantes da “normalidade”.
Gostaria de colocar aqui, em palavras, não a descrição dos fenômenos, das reuniões, das festas do Tulherias – é fácil encontrar com uma simples pesquisa – mas, sim, o que acontecia em nosso íntimo, para vocês saberem como foram duros os tempos daquela época para nós.
O caro amigo Rivail, como nós, também teve momentos de pesadas críticas e até de perseguições, principalmente pela Igreja Católica que tinha poder de dominação bastante abrangente.
Mas, para nós não há mágoa ou má lembrança, apenas não podemos ignorar essa parte da história, afinal valoramos tanto a essência íntima do Ser, não seria cabível desconsiderar as nossas emoções.
Fica aqui esse meu desabafo para vocês, meus queridos leitores.
Abraços do amigo, Daniel Dunglas Home.
Espírito: Daniel Dunglas Home.
Por: Cenira Pereira, em 25-07-2020.
Elizabeth Ribeiro
15 de agosto de 2020 at 8:13 pmMuito interessante esta história!