Biografia

Daniel Dunglas Home, nascido em Currie, próximo a Edimburgo, na Escócia, em 15 (segundo Kardec) ou 20 (segundo outros biógrafos) de março de 1833, foi um espiritualista famoso durante toda a sua vida por suas aptidões como médium de manifestações ostensivas, tendo conduzido centenas de sessões durante um período de aproximadamente 35 anos nos quais manteve inclusive contatos com grande parte da Corte Européia, notadamente Napoleão III e a Rainha Sofia da Holanda, sem, no entanto, jamais receber pagamentos, uma vez que se considerava portador de duas tarefas, conforme suas próprias palavras: “a primeira é que se via como em uma missão para demonstrar a imortalidade e a segunda, a que ele queria interagir com seus clientes como entre um cavalheiro e outro e não como um empregado de quem quer que fosse”.

​Despertou inicialmente curiosidade e depois passou a ter seus feitos acompanhados por várias das mais importantes personalidades da época como William Crookes, químico e físico inglês, Frank Podmore, escritor inglês sobre assuntos psíquicos, Léon Denis, filósofo, médium e conferencista espírita francês e Sir Arthur Conan Doyle, escritor e médico britânico, criador do personagem Sherlock Holmes, que depois de presenciar inúmeras sessões conduzidas pelo médium escreveu que Daniel Home era um médim raro uma vez que possuía pelo menos quatro diferentes tipos de mediunidade, a saber: voz direta (a habilidade de deixar os espíritos falarem de forma audível); psicofonia (a habilidade de deixar os espíritos falarem através de si); clarividência (a habilidade de se ver coisas que estão fora de vista); e mediunidade de efeitos físicos (mover objetos à distância, levitação, etc.- o tipo de mediunidade no qual Home era incomparável).

​Porém foi Allan Kardec, um dos principais, senão o mais relevante e respeitado nome da Doutrina Espírita que, ao escrever sobre a personalidade de Daniel Dunglas Home na “Revue Spirite” de fevereiro de 1858, teceu os comentários mais analíticos e elogiosos à personalidade do médium: “É um jovem de talhe mediano, louro, cuja fisionomia melancólica nada tem de excêntrica; é de compleição muito delicada, de costumes simples e suaves, de um caráter afável e benevolente sobre o qual o contato das grandezas não lançou nem arrogância e nem ostentação. Dotado de uma excessiva modéstia, jamais exibiu a sua maravilhosa faculdade. “Mr. Home” é um médium do gênero daqueles que produzem manifestações ostensivas, sem excluir, por isso, as comunicações inteligentes; mas as suas predisposições naturais lhe dão, para as primeiras, uma aptidão mais especial. Do que nos foi ensinado sobre a classe dos Espíritos que produzem, em geral, essas espécies de manifestações, não seria preciso disso concluir que o Sr. Home não está em relação senão com a classe íntima do mundo espírita. Seu caráter e as qualidades morais que o distinguem, devem, ao contrário, granjear-lhe a simpatia dos Espíritos Superiores; ele não é, para esses últimos, senão um instrumento destinado a abrir os olhos dos cegos por meios enérgicos, sem estar, por isso, privado de comunicações de uma ordem mais elevada. É uma missão que aceitou; missão que não está isenta nem de tribulações e nem de perigos, mas que cumpre com resignação e perseverança, sob a égide do Espírito de sua mãe, seu verdadeiro anjo guardião.

​Mr. Home desencarnou em 21 de junho de 1886 aos 53 anos, por conta de uma tuberculose, da qual tinha sofrido a maior parte de sua vida, sendo enterrado na França em St. Germain-en-Laye.