Os benfeitores
Definir benfeitor é até fácil, o vocábulo é encontrado em dicionários e pode ser bem entendido, todavia são poucos os que têm o significado intrínseco que cremos ser importante para que se explique a abrangência do labor dos benfeitores.
Em tempos remotos eram chamados de mecenas, por terem poder aquisitivo farto, havia os que se interessavam pelas artes ou por determinada atividade que lhes trazia prazer ou que lhes propiciava alguma benesse. Assim, tinham ascendência sobre os que eram capacitados para alguma aptidão que chamava a atenção dessas pessoas ricas, eram por eles assistidos em suas necessidades materiais, praticamente hoje, poderíamos dizer que eram “contratados” para desempenharem a aptidão que de modo especial exerciam.
Temos, como de modo quase rotineiro, os que agem em benefício de uma causa, ou de uma pessoa, sem interesse sub-reptício. Porém, há os que não têm o menor pudor para almejar ter o domínio ou o controle sobre as pessoas, e assim usam o poder aquisitivo ou o poder que lhes é peculiar para subjugar e exercer a sua prepotência impondo que haja submissão ao seu comando e ao seu desmedido autoritarismo.
O parágrafo acima diz da parte intrínseca ao benfeitor, essa é a parte que não condiz com o que é definido como benfeitor, mas que existe. Podemos acrescentar que para nós, outros, a esses não atribuímos a alcunha de benfeitor, mas sim, de seres que precisam de ajuda para tratar os males que acometem os que se deixam levar pelo egoísmo e pelo autoritarismo, estão longe de ações e de atitudes em prol do que poderíamos ter como “benfeitoria”.
Faz-se mister que as ações e as atitudes caritativas tenham a atenção voltada para o bem do próximo, ou da causa que é alvo, porém, sem que se faça uso de maneira hipócrita e interesseira.
No passado tínhamos os mecenas que eram altruístas e o que contava para eles era ver o sucesso daqueles que “protegiam”, daqueles que eram por eles amparados para terem condição de desenvolver a aptidão, a vocação que era o mote da ajuda dos mecenas. Certamente havia os interesseiros, mas era comum que a subjugação fosse rejeitada e o mecenas ficava “mal visto” na corte e nos ambientes que frequentava.
Hoje essa relação com os benfeitores é muito diferente, parece que esta atitude tem caráter comercial e há complexa relação na qual o benfeitor não se sente à vontade para divulgar a ajuda à determinada pessoa, pois que, essa ajuda denota demérito para o favorecido. Não há uma relação natural entre o benfeitor e a pessoa que é por ele protegida. A falta de sensibilidade e a falta de benevolência trazem para as relações interpretações maliciosas, as pessoas julgam sob o prisma da maledicência, fazendo de um ato que poderia ser benéfico, um ato de menos-valia, de interpretações e de julgamentos que afastam qualquer possibilidade de ter-se bom êxito na empreitada.
Só podemos lamentar essa atual consideração sobre o que é um ato altruísta, que possibilita a interface dos que têm pendores a desbravar e dos que têm a condição de estimular tal feição.
Há que se considerar a diferença que hoje é vivida com relação ao que era vivido outrora.
Há muitos que têm profundo agradecimento aos seus mecenas por terem possibilitado as suas aptidões especiais, poderíamos aqui citar vários artistas, cientistas e pessoas que foram respeitosamente acolhidas por mecenas. Inclusive, deixo aqui o meu testemunho, sempre fui respeitado e considerado pelos que me tinham como protegido, sem qualquer intenção ou interesse sub-reptício.
Enfim, o tempo passa e as mudanças acontecem, mas o que é bom e puro fica para sempre, agradeço de todo o coração aos que foram meus mecenas.
Abraços do amigo, D. D. Home.
Espírito: Daniel Dunglas Home.
Por: Cenira Pereira, em 30-08-2020.
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